Em menos de 3 anos, o brasileiro passou a gastar mais tempo na web, indo de uma média de 18 para 44 horas por mês, ultrapassando países como a França e os Estados Unidos. Em menos de uma semana, o brasileiro explodiu uma bolha formada há gerações, com cores e cheiros ainda à serem descobertos. Com a força das redes sociais à mostra, e o apoio horizontal e crescente da população nas ruas do país, engana-se (voluntariamente, talvez?) o cidadão que recrimina as reivindicações que fazem os manifestantes envolvidos na onda de protestos que tomou o Brasil nas últimas semanas.
As palavras “vagabundos” e “estudantes” andam juntas em vários editoriais da grande mídia, seja impressa, televisiva ou virtual. Se a crise editorial que vêm forçando revistas e jornais a se reinventarem economicamente tem servido pra mostrar a capacidade adaptativa dos meios de comunicação, o mesmo não se pode falar do discurso cego e atrasado que tomou conta de um espaço que deveria servir à prática da cidadania e democracia de um Estado de Direito. Mas a descoberta de um Estado Policial (e não laico), comandado pela segunda mulher mais poderosa do mundo, é o que vêm elevando mais ainda a descrença na ilusão da “informação apartidária” que tanto pregam tais meios. A memória de que “estudantes”, guiados pela utopia da difusão da informação, foram também os responsáveis pelo desenvolvimento da internet como a conhecemos hoje, e que a grande mídia tenta fazer parte, parece ser ignorada. Estudantes que também estiveram presentes, pra citar só um exemplo e não alongar o texto, na mobilização contra Collor nos anos 90, que teve seu estopim com denúncias publicadas na revista Veja, evento que até hoje é lembrado com admiração dentro da história da mídia brasileira. O papel da internet e das redes sociais nesse momento coloca com urgência o questionamento de tais práticas midiáticas, que marginaliza a informação e incita demagogias, ignorando a era do conhecimento em que vivemos. Como parte dessa alternativa à exploração da (des)informação, e como divulgadores de manifestações e atividades culturais que questionam e revalidam os princípios sobre as quais vivemos todos os dias, o BLCKDMNDS apoia e se solidariza com todas as manifestações que acontecem ao redor do mundo contra o fim das práticas políticas e opressivas que vêm sido adotadas pelos líderes nos últimos tempos, que não possuem outra visão no horizonte além do aumento da exclusão social.
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Eduardo Pininga - 25 anos, pesquisa música e estuda jornalismo.